quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Facebook, criatividade e academia

Uma noite de quarta-feira. Muitas resenhas depois...
Acho que vou publicar as considerações mais interessantes das resenhas aqui dps.

Na academia, não há lugar para inovação...
...ou você concorda com o pré-existente no qual acreditam seus professores, ou sua nota é ZERO.

Um aviso a todos os que acreditam no histórico escolar: TEM A MESMA VALIDADE DE UM ARTIGO DE REVISTA! Você vai contratar / parabenizar as pessoas mais inúteis da sociedade.
 ·  ·  · 2 hours ago · 

    • Nanna Carvalho 
      caraaaaaaaaaaaaalho eu acabei de escrever sobre isso:
      Estou no primeiro semestre do mestrado e ainda escuto professores questionando meus argumentos com um seco: “mas de onde você tirou isto?”. Por mais que certas vezes nós possamos, ainda que não intencionalmente, utilizar de ideias de outras pessoas para fundamentar algum pensamento, grande parte do que escutamos em sala de aula, advindo da fala dos estudantes, são ideias originais. Um estudante tem a criatividade suficiente para colocar para conversar, em um diálogo interno imaginário, inúmeras fontes de conhecimento, as mais diversas, e ainda temperar com ideias próprias, jamais pensadas, na elaboração de um argumento inovador. No entanto, a academia o força em um lugar em que suas ideias somente serão válidas se reproduzirem autores célebres, sem possibilidade de avanço ou qualquer evolução no pensamento. É como se o estudante ainda não estivesse preparado para realmente elaborar algo inovador e criativo e estivesse para sempre tolhido a reproduzir tudo o que escuta sem críticas. Que tipo de profissional/pesquisador/professor/ser humano a academia pretende formar com esta perspectiva?

      15 minutes ago ·  ·  1

    • Nanna Carvalho tl; dr
      hahahahahahaha

      14 minutes ago · 

    • Raissa de Oliveira não pretendem nada... o certo é que não querem, os considerados loucos que se sobressaem a todo esse sistema às vezes se tornam célebres, mas sempre são genios que esse mesmo sitema que nos diminui, seca, desestimula, mata a criatividade e a iniciativa preferia não ver.
      11 minutes ago ·  ·  1

    • Raissa de Oliveira esqueci a virgula depois de iniciativa.. mas acho q deu pra entender a idéia.. hehehe
      11 minutes ago · 

    • Nanna Carvalho chama de esquisitos, trancam, medicam, silenciam e tolhem. depois esperam que a revolução passe na tv e ninguém deseje um coquetel molotov. jeito que eu to, até tomaria essa poha pra sentir alguma coisa diferente de TÉDIO.
      10 minutes ago ·  ·  1

    • Raissa de Oliveira diferente de tédio.. pragmatismo mentiroso que só encolhe ainda mais nossas idéias e nosso espírito... seria bom sentir, ver, fazer e ver acontecer.. mas até nisso nos oprimem.
      7 minutes ago · 

    • Nanna Carvalho e o pior é que a coisa tá do mesmo jeito no instituto de artes, nas escolas de música, nas pistas de dança, nas galerias, nos cinemas. CARAI NÃO TEM SAÍDAAAAAAAAA
      5 minutes ago · 




sábado, 19 de novembro de 2011

Psicodiagnóstico e Método de Rorschach

Capítulo escrito para a disciplina da Profa. Sheila Murta.
"O presente capítulo teve como objetivo introduzir o psicodiagnóstico pelo

Método de Rorschach no Sistema Compreensivo como um possível delineamento para
pesquisas em Psicologia Clínica. O método tem características qualitativas e
quantitativas significativas e tem sido utilizado em vários contextos de pesquisa, com
grande potencial para coleta de dados profundos e extensos. Possui limitações, como
qualquer outro método de pesquisa, e a opção por este método deve levar em conta uma
série de questões. "

Sei lá, gostei.
https://www.dropbox.com/home#/Blog:::





The boys and girls watch each other eat
When they really wanna watch each other sleep

Projeto

Finalizado.
Só falta enviar para o Comitê de Ética. É tanta burocratia que chega dá preguiça. Data limite: 02/12
https://www.dropbox.com/home#/Blog:::

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Rorschach


Escrevendo o capítulo da disciplina da Sheila Murta:
Psicodiagnóstico de Rorschach na pesquisa em Psicologia Clínica
para entregar na sexta-feira

O objetivo é escrever um capítulo didático sobre alguma parte do delineamento de pesquisa em psicologia clínica. A característica didática deve manter em mente que se está ensinando uma outra pessoa a fazer uso desta parte do delineamento, conforme for o caso.


Escolhi descrever o uso que estou fazendo do Rorschach como psicodiagnóstico, também para me responder uma série de questões metodológicas.

Estou cada vez mais craque em responder o que é validade (interna e externa), fidedignidade (de item, de codificador, com formas alternativas, no teste-reteste), padronização e mais um monte de outros termos relativos à confiabilidade da metodologia. Cada vez mais também confiante de que meu mestre Rorschach iniciou os estudos em um dos métodos de pesquisa e psicodiagnóstico mais interessantes da psicologia.


Genial e lindo~~
quero ser como vc quando crescer

Escutando Octavianas ♥
Devagarzinho eu volto à rotina dos estudos. Cheia de esperança, incomodação e entusiasmo. Hipomaníaca e à beira de uma síncope. Como sempre~~



sábado, 29 de outubro de 2011

Luto

Marlon faleceu esta semana. Não é desculpa, mas a desorganização foi grande. To voltando agora a conseguir me sentar à escrivaninha e dedilhar o computador para algo mais útil.
Tenho faltado muitas aulas por dificuldades inventadas mil. Mas there´s no point crying over
spilt blood.
Ainda não to legal, mas vamo que vamo.
Estou escrevendo o capítulo da disciplina da Sheila Murta: "Psicodiagnóstico de Rorschach na pesquisa em Psicologia Clínica" ou "A arte de transformar ouro em pó".

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Primeiro rascunho do projeto

Depois de três dias de escrita intensa, as primeiras 21 páginas de rascunho da minha dissertação.
https://www.dropbox.com/home#/Blog:::



tô morta.


Viva pandora, que talvez me apareça hoje para me assombrar.

sábado, 8 de outubro de 2011

Foucault - Doença mental e psicologia (1975)


Foulcault argumenta, em seu Doença mental e psicologia (1975) que é possível que as confusões da psiquiatria quanto à loucura advenham do fato de que "se dá o mesmo sentido às noções de doença, de sintomas, de etiologia nas patologias mental e orgânica" (p. 5).
"Se se define a doença mental com os mesmos métodos conceituais que a doença orgânica, se se isolam e se se reúnem os sintomas psicológicos como os sintomas fisiológicos, é porque antes de tudo se considera a doença, mental ou orgânica, como uma essência natural manifestada por sintomas específicos. Entre estas duas formas de patologia, não há então unidade real , mas semente, e por intermediário destes dois postulados, um paralelismo abstrato" (p. 9)
"a doença seria alteração intrínseca da personalidade, desorganização interna de suas estruturas, desvio progressivo de seu desenvolvimento: só teria real idade e sentido no interior de uma personalidade estruturada. Neste sentido tentou-se definir as doenças mentais, segundo a amplitude das perturbações da personalidade, e dai chegou-se a distribuir as perturbações psíquicas em duas grandes categorias: as neuroses e as psicoses" (p. 9)
"A personal idade torna-se, assim, o elemento no qual se desenvolve a doença, e o critério que permite julgá-la; é ao mesmo tempo a realidade e a medida da doença" (p. 10).
"Quer suas designações primeiras sejam psicológi cas ou orgânicas, a doença concerniria de qualquer modo a si tuação global do indivíduo no mundo" (p. 11)

Impossibilidades de comparação entre a doença física e a doença mental:
Dialética das elações do indivíduo e seu meio
Instrumentais de análise das causalidades
Distinção entre normal e patológico

A doença mental não é somente a perda~
Cada doença, segundo sua gravidade, abole certas condutas que a sociedade em sua evolução tinha tor nado possíveis, e as substitui por formas arcaicas de comportamento" (p. 22)

O campo psi toma, pelo sintoma, toda a complexidade de uma existência histórica e social. Mesmo a partir da visão evolucionista da psicanálise clássica, não seriam somente os "doentes mentais" a fazerem uso de defesas mais primitivas quando a situação social promovesse um mal estar assaz mortífero. Sujeitos a isto são todos os seres humanos, por serem históricos tanto filogenética quanto ontogeneticamente. Todo o arcaboouço cultural e humano lhe é possível, a despeito (ou mediante) do que assevera a normatividade da civilização.
Isto posto, cumpre à psicopatologia crítica um olhar para além do sintoma.

PARA A PALESTRA:
"perdendo esta virtualidade ambígua do diálogo, e não mais apreendendo a palavra senão pela face esquemática que ela apresenta ao sujeito falante, o doente perde o domínio de seu universo simbólico; e o conjunto das palavras, dos signos, dos ritos, em resumo de tudo o que há de alusivo e referencial no mundo humano, cessa de integrar -se num sistema de equivalências significativas; as palavras e os gestos não constituem mais o domínio comum no qual se encontram as intenções de si próprio e dos outros, mas significações existindo por si mesmas, de uma existência maciça e inquietante; o sorriso não é mais a resposta banal a uma saudação cotidiana; é um acontecimento enigmático que nenhuma das equivalências simbólicas da pol idez pode reduzir; no horizonte do doente ele se destaca, então, como o símbolo de não se sabe que mistério, como a expressão de uma ironia que se cala e ameaça. O universo da perseguição brota de todos os lados" (P. 22)
MEDO DA LOUCURA: que significado oculto você encerra? Vazio preenchido por identificações projetivas e formulações paranoides.

"o critério social da verdade ("acreditar no que os outros crêem") não tem mais valor para o doente [FQu, P baixo, XA baixo, Dd alto] (...) [ele] "é remetido a formas arcaicas de crença, quando o homem primitivo não encontrava em sua sol idariedade com o outro ocritério da verdade, quando projetava seus desejos e temores em fantasmagorias que teciam com o real as meadas indissociáveis do sonho, da aparição, e do mito" (p. 23)
"Os processos infantis de metamorfose do real tem, então, uma utilidade: constituem uma fuga, uma maneira vantajosa de agir sobre o real, um modo mítico de transformação de si mesmo e dos outros. A regressão não é uma queda natural no passado; é uma fuga intencional fora do presente. É mais um recurso do que um retorno" (p. 29). Assim, pode ser feita uma compreensão menos apassivada dos sintomas psíquicos.
"Nunca a psicologia poderá dizer a verdade sobre a loucura, já que é esta que detém a verdade da psicologia (...). [A arte] promete ao homem que um dia, talvez, ele poderá encontrar-se livre de toda psicologia para o grande afrontamento trágico com a loucura" (p. 60)

No Rorschach, talvez a abordagem por agrupamentos e a compreensão estatística/psicanalítica dos dados permitam uma reflexão também da história do indivíduo e da maneira adaptativa que ele faz uso de suas defesas regredidas-patológicas (recursos outros para além do lado esq. da EB)

Foucault, M. (1975). Doença mental e psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

Psiquiatria e psicose - Francisco Martins (2003)

Martins (2003) elabora uma investigação teórico clínica das síndromes psicopatológicas clássicas, a partir de uma crítica à psiquiatria tradicional e a visão médica reducionista. Em suas considerações sobre o que denominou de "as síndromes delirantes, alucinatórias e de desagregação do pensamento", perfaz breve histórico da forma como a psiquiatria, ou o saber médico, conceituou a psicose. O autor compara o reconhecimento do caráter simbólico atribuído às síndromes neuróticas com o trato diferenciado dado às psicoses. Diferentemente da histeria, da neurose obsessiva, dentre outras síndromes neuróticas, as psicoses foram tratadas, no âmbito médico, como síndromes demenciais. O termo demência precoce se referia às manifestações sintomatolígicas do que ficou conhecido como perda de contato com a realidade. A sintomatologia clássica das psicoses concerne à esfera do pensar, da linguagem, organizada a partir de dois fenômenos principais: a alucinação e o delírio, acompanhados de outros sintomas também ligados ao pensar e à linguagem.
Distinguem-se grandes síndromes em que a categorização se multiplica em inúmeros subtipos ao longo da história da psiquiatria. A grande diversidade em que se apresentam os sintomas e outras manifestações de distanciamento da realidade, estranhamento característico da psicose, reflete a complexidade envolvida no sofrimento psíquico. A tentativa feita pela psiquiatria é de descrever e compreender o fenômeno ps´quico a partir do mesmo olhar da medicina tradicional, anatomo-fisiológica. A esperança final é de que, quando os avanços tecnológicos o permitirem, a descrição sintomatológica das síndromes mentais encontre sua etiologia neuroanatômica determinante. Assim, procedimentos fisiológicos foram tomados para classificar e cuidar da loucura enquanto se espera as explicações neuroanatômicas redentoras.
A estranheza da linguagem psicótica seria, então expressão do acometimento mental (leia-se neuronal, cerebral) não determinado que acomete o paciente. A psiquiatria poderia teorizar a respeito de qual é a deterioração mental da psicose, por analogia aos processos demenciais. A cronificação e degeneração psíquica são marcas da consideração que a psiquiatria tem pela psicose e o processo classificatório "não fez senão aumentar o fosso existente entre os normais - os que utilizam as metáforas mais habituais, como diria Nietzsche - e os loucos que desviam através da excentricidade da norma" (p. 244). Este raciocínio tautológico torna siamesas a etiologia e a semiologia. O autor segue:
"Cada alteração ganha um novo nome, ou mais frequentemente um novo neologismo científico, que se torna signo da realidade aparente, julgada na ordem do saber médico da época, como fazendo parte de um quadro nosográfico específico. As palavras são, então, esvaziadas de sei poder imaginário, simbólico e pragmático" (p. 244).
A assepsia do discurso da loucura, realizada pela prática coercitiva da psiquiatria, demove o ser humano não-normativo de sua humanidade. A palavra louca, no entanto, é portadora de sentido e comunica, associa interlocutores. A medicina, no seu afã de sair do "infinito de signos interlocutivos e banais", na busca por signos patognomônicos nas doenças mentais", perde de vista que a saúde mental não se trata de órgãos silenciosos, nem promove a escuta do significado desenvolvido na enunciação do sintoma-palavra.

Martins, F. (2003). Psicopathologia II: Semiologia Clínica. Brasília: UnB/ABRAFIPP.

sábado, 1 de outubro de 2011

Considerações sobre o narcisismo e a psicose

O psicótico apresenta um padrão de escolha (relação) objetal narcísica. O outro é sustentáculo para o eu, pode ser seu ideal e portar as características com as quais o ego se identificará na medida em que puder investir libido no objeto identificatório idealizado. A perda do objeto na relação objetal narcísica significa a perda do sustentáculo do ego e pode trazer mais do que angústia de abandono ou de perda do objeto. Nestes casos, a perda do objeto significa angústia de aniquilamento do ego, o eu perde a si mesmo quando perde o objeto de identificação narcísica.

Metamorfose de narciso, Salvador Dali - ampliar 

Lembro do paciente que acolhi ontem, falando o tanto que a perda da mãe dele significava para ele a perda de si próprio. Esta perda é elaborada de diferentes formas, mas principalmente pela sensação de perda de controle, de ter feito um mal irreparável, de estar sob o controle perverso do outro, de ser diversas pessoas nos momentos em que ele não tem certeza de quem ele é. Está no meio de um ritual mágico, permeado por aspectos crueis e retaliadores, responsivos à ambivalência presente no investimento amoroso feito no objeto de identificação narcísica. O uso de drogas e a sensação de onipotência primitiva que perpassa os processos sublimatórios somente pode ocorrer mediante a sustentação do eu que  a relação objetal narcísica proporciona. Perder o sustentáculo oferecido pelo objeto narcísico impossibilita a expressão mais livre, já que o investimento libidinal não tem mais o objeto e o eu sobre o risco constante de aniquilamento. Toda a energia psíquica parece concentrada na busca por este objeto perdido, que é a busca do eu.

A estrutura da personalidade é contexto para o desenvolvimento psicopatológico. O uso de defesas psicóticas (narcísicas, na concepção freudiana) depende do tipo de relação objetal estabelecida e do tipo de angústia vivenciada no momento da perda do objeto. Esta escolha objetal pode ser predominante ou ocorrer somente no processo identificatório primitivo. Uma pessoa com sintomas psicóticos pode ser capaz de estabelecer relações objetais de apoio, de formular angústia de perda de objeto e de ter sintomas (defesas) neuróticos (de transferência). Uma psicose "instalada" é "a adaptação do ego à vivência psicótica em si (...), a expressão do funcionamento mental que passou por uma experiência de desorganização [do eu]" (Tenenbaum, 1999, p. 26).

A tela de Dali parece ilustrar as psiconeuroses narcísicas. Na melancolia, à esquerda, o investimento libidinal no outro é impossibilitado pela perda deste, e há reinvestimento da libido objetal no ego, pois "a sobra do objeto cai sobre o eu".
Na psicose, à direita, o outro é sustentáculo do eu, a elaboração do ego toma a metáfora na literalidade. A perda do outro, da relação objetal, cria uma angústia de aniquilamento, que impulsiona a geração de mecanismos de defesa primitivos, alucinações e delírios. Na realidade do psicótico, o objeto narcísico ainda existe com toda sua força e onipotência, retomado de forma distorcida possibilitada pelo Processo Primário de Pensar, a qual permite a força e onipotência do eu. Afinal, delirando eu sou "O GOSTOSO do universo" (Martins, 2004). "A potência do ato ilocucionário alcança sua performance máxima" (Martins, 2009, p. 86).


Referências


MARTINS, F. (2004). Os Psicopathos I - A Alucinação. Brasília: Laboratório de Psicopatologia e
Psicanálise, Universidade de Brasilia.
___________. (2009). Ensaio sobre os sintomas simbólicos – Da cabrita desvalida ao Senhor do Mundo. Brasília: Edunb-FINATEC.
TENENBAUM, D. (1999). Investigando psicanaliticamente as psicoses. Rio de Janeiro: Sette Letras.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Investigando psicanaliticamente as psicoses


Lendo
Tenenbaum, D. (1999) Investigando Psicanaliticamente as Psicoses. Rio de Janeiro: Sette Letras.

Ouvindo


Freud (O futuro de uma ilusão, o mal estar na civilização) - a religião é uma psicose em massa, "exemplo vivo de que a loucura é a fuga de uma realidade frustradora e o delírio, a (re)criação da realidade mais de acordo com o princípio do prazer" (p. 14)
Mas e quanto aos fenômenos sociais envolvidos na crença ou ilusão social? as religiões podem ser continentes para a vivência de tensões psicológicas importantes. além disto, a partilha de um fenômeno psicótico ocorre em situações de grande intimidade e segurança (como no setting terapêutico) e não existe isto de "delírio compartilhado". A reconstrução da realidade numa dimensão social não é propriamente regida pelo princípio do prazer, como ocorre com fenômenos psicóticos (individuais). "Ao contrário, estas crenças oferecem segurança e amparo contra os infortúnios da vida em troca da realização dos desejos e anseios individuais. Isto está mais para os ditos instintos do ego do que do id" (p. 15). Na psicose, a reconstrução da realidade é a elaboração secundária o processo primário que invadiu a consciência (inconsciente a céu aberto).

Evolução do conceito de psicose
Castigo divino, problemas hormonais, distúrbios na localização das funções psíquicas superiores.
Alienatio mentis, insanidade.
Idade medieval - concepção demoníaca da loucura.
1300 - literatura especializada de forma de tratamento específico para os problemas mentais, a persuasão moral (p. 17)
Renascentismo - paralelismo entre fenômenos psíquicos e nervosos.
Phillipe Pinel - nosografia psiquiátrica com observação sistemática dos fenômenos.
Braid, Charcot - mesmerismo, hipnose (sugerir um estado subjetivo)
Escola alemã: Kraeplin, Bleuler, Freud
Contemporaneidade: CID não faz mais uso da palavra psicose.

Freud, 1923 (Uma breve descrição da psicanálise)
"Não se poderia duvidar que as neuroses e psicoses não estão separadas por uma linha rígida, mais do que estão a saúde e a neurose, e era plausível explicar os misteriosos fenômenos psicóticos pelas descobertas a que se chegou nas neuroses, que até então haviam sido igualmente incompreensíveis".
Trabalho sobre afasias - novo tipo de estudo para problemas funcionais que "simulam" alterações topográficas, portanto um novo enfoque epistemológico

*Anna O.*
Histeria, histérico(a): produção mental em oposição a sintoma orgânico (depois de Freud, toda uma construção complexa de estrutura e dinâmica psíquicas mediante a influência de fatores internos e externos, conscientes e inconscientes, egoicos, instintivos e superegoicos. Uma neurose. Seria o mesmo com a esquizofrenia/psicose?)
Pelos sintomas descritos no terceiro parágrafo da pág. 24, Anna O. poderia ser diagnosticada (pelo DSM-IV) com Transtorno no Humor Bipolar tipo II, com ciclagem rápida e Transtorno de Conversão. Era psicótica e neurótica. Aff...
Estados psíquicos propícios à encenação de situações ainda não adequadamente elaboradas, seja por terem sido excessivas ou por incompetência egoica. Há "uma limitação da consciência e uma compulsão a associar semelhante àquela que ocorre nos sonhos" (vol II, p. 142)
Possibilidade de coexistência entre lucidez de consciência e inconsciência psicológica lacunar devido a um duplo, concomitante, nem sempre paralelo, mas sim interseccional, funcionamento mental (p. 25)
"O que os psiquiatras chamas de psicose instalada nada mais é do que a adaptação do ego à vivência psicótica em si ou, em outra terminologia, é a expressão do funcionamento mental que passou por uma experiência de desorganização" (p. 26, cronica?)

"em ambos os casos [de neurose] até aqui considerados, a defesa contra a ideia incompatível era efetuada separando-a de seu afeto; a ideia permanecia na consciência, anida que enfraquecida e isolada. Há, entretanto, uma espécie de defesa, muito mais poderosa e bem sucedida. Aqui o ego rejeita (verwerfung?) a ideia incompatível juntamente com seu afeto e comporta-se como se a ideia jamais lhe tivesse ocorrido. Mas a partir do momento em que tenha conseguido, o sujeito encontra-se numa psicose, que só pode ser qualificada como confusão alucinatória" (Vol. III, parte III, as psiconeuroses de defesa, a alucinação positiva é trabalho da alucinação negativa do verwerfung?)

-Esmagamento ou aniquilamento do ego por sentimentos (em outros momentos, ideias) inconscientes, sobre as alucinacoes corresponderem à irrupção de pensamentos insconscientes, sobre as interpretacoes autorreferentes destes pacientes se relacionarem ocm lembranças reprimidas e a ideia de que a psicose desfaz sublimacoes e identificações" (p. 27)

Autoacusações – “obsessões correspondiam ao retorno de autoacusações reprimidas pela autodesconfiança e pela conscienciosidade, enquanto que nas psicoses as autoacusações seriam reprimidas pela projeção, retornado na forma de delírios e alucinações Assim, sintomas de retorno do reprimido, os delírios e as alucinações eram entendidos como autoacusações que retornavam sob a forma de pensamentos ditos em voz alta, distorcidos e deslocados no conteúdo e no tempo. Os sintomas de defesa secundária eram os delírios interpretativo, responsáveis pela alteração do ego.

Diretamente relacionadas à consciência de si, Freud considerava as autoacusações como uma decorrência natural da emergência de ideias incompatíveis com a representação que o indivíduo tinha, ou se esforçada por ter, de si mesmo. Através dos sonhos Freud começou a revelar o conteúdo destas não mais ideias, agora desejos”(p. 27).

“Segundo suas observações, qualquer pessoa dependendo de sua predisposição, da situação emocional do momento e da forca traumática da situação em si, poderia apresentar a sintomatologia decorrente da invasão abrupta do processo primário de pensar na consciência” (p. 28)



Verwerfung - rejection, dismissal *recusa*
Verneinung (synonym to leugnung) - negation, negative
Verleugnung - re-negation (?), denial, disownment *rejeição






Gradiva de Jansen
Freud: “Em primeiro lugar, o delírio pertence ao grupo de estados patológicos que não produzem efeitos diretos sobre o corpo, mas que se manifestam apenas por indicações mentais. Em segundo lugar, é caracterizado pelo fato de que nele as 'fantasias' ganharam a primazia, transformando-se em crença e passando a influenciar as ações” (vol. 9, p. 51). O ato de Hanold não se interessar mais pela vida estava relacionado ao abandono do amor infantil, e este fato é o delírio, a crença desenvolvida a partir da primazia da fantasia: compulsão à repetição do processo primário de pensar.

Tenenbaum: “Para começarmos a retirar o véu de confusão em relação às psicoses, é necessário não mais identificarmos psicose com surto psicótico, agitação psicomotora ou qualquer outro quadro agudo. O delirante não é necessariamente um ser sem capacidade cognitiva, mentalmente inarticulado ou incapaz de viver a vida, embora possa apresentar, e geralmente apresenta, algum comportamento bizarro” (p. 30).
Freud: “não é preciso que uma pessoa sofra de um delírio para se comportar de maneira análoga. Ao contrário, uma pessoa, mesmo saudável pode com frequencia enganar-se quanto aos motivos de um ato, tomando consciência dos mesmos só depois do evento” .


Freud
"desenvolve o raciocínio de que estas experiências (de ser vigiado) nada mais seriam do que projeções na realidade (com a finalidade análoga à repressão) de um agente crítico existente no ego, o ideal do ego, cuja função exposta pela primeira vez neste rtigo, é a de vigia dos padrões  éticos e morais da humanidade. Estamos cansados de ver pessoas  culturalmente importantes sem o menor padrão ético e moral, assim como pessoas culturalmente importantes com graves problemas egóicos e pessoas egoicamente inteiras, mas sem a menor expressão cultural".
"Afinal, a idéia a respeito do alto preço que se paga para ser ético e culturalmente participante é antiga em Freud. Talvez ele  sentisse assim..."
"condicionar  os desejos, as motivações, os comportamentos e as relações humanas a um questionável objetivo energético com um fim em si mesmo".
(p.40)

"Aqui, realçando a relação com o ego, a psicose passa a ser chamada de neurose narcísica"


"A realidade não é remodelada ou reconstruída. Apenas fragmentos dela - *exatamente aqueles relacionados à experiência existencial (real ou mental) intolerável, por isso mesmo rejeitada (verleunung) ou recusada (verwerfung)* - são interpretados e reinterpretados delirantemente. (...) o delírio é o resultado da articulação entre processo primário e processo secundário feita por um ego em algum grau desorganizado, em outras palavras, é o retorno do reprimido administrado por um ego que passou pela experiência de desorganização. (...) o afastamento da realidade nas psicoses é secundário à derrota do ego frente ao id. É a deformação do ego acarretada pela invasão do processo primário depensar que torna ievitável a deformação da realidade" (p. 70)

"Lacunas cognitivas, verdadeiros vazios intrapsíquicos, que além de tornar o ego parcialmente incapacitado, podem ser preenchidos por elementos do Processo Primário de Pensar, criando verdadeiros núcleos psicótiocs, os quais podem ser acionados por circunstâncias específicas da convivência (interação ambiental) provocando crises psicóticas (não necessariamente uma psicose) (p. 88, sobre Eksterman, A (1986). Lacunas Cognitivas no Processo Psicanalítico, Boletim Científico da Sociedade Brasileira de Psicanálise, n. 6).

O pricótico retira ou desvia seu interesse na realidade? "O psicóticonao deixa de se relacionar com a realidade, apenas o faz de maneira  peculiar. (...) A mairoia doas seres humanos relaciona-se, na maior parte do tempo de sas vidas, trliangularmente (pessoas e coisas [mas eu diria pessoas e leis]), enquanto que os psicoticos relacionam-se diadicamente com a realidade (pessoas e coisas) quase o tempo todo" (p. 93)


ProIC premiado

Acredita.
Fecha os olhos e repete:
acredito.

(:

"Car@s,
Com muita felicidade e alegria no coração, informo que a ex-pibiciana
(e hoje mestranda) Hayanna Carvalho foi uma das escolhidas para
premisção pelo seu trabalho de Rorschah no Gipsi. Como se não
bastasse, ela recebeu duas premiações (a outra é com a Profa. Deborah
Santos, sobre "População Negra e Saúde Mental"). Confiram a seguir.
Parabéns caríssima mestranda!!!
Com a alma lavada pela sua dedicação (não a mim por certo, mas "à causa")!!!"




Oush.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bicicleta

Hoje fui à UnB de bicicleta.
Logo depois de escrever o último post, e até agora sinto a endorfina correndo pelas minhas veias. Remédio pra melancolia chata que tava hoje de manhã. Não quero, não gosto... Hoje consegui até rir de piadas bestas, com vontade mesmo. A aula de psicanálise não foi tão chata e não fiquei me sentido tão estúpida.


Mas é claro, este é um entusiasmo de início, e sei que devo procurar muitas e muitas coisas para combater-elaborar-esclarecer-matar-sei-lá-fazer-o-quê com este sentimento chato de que ainda estou de luto










pela pandorinha.


Sinto que estou melhorando e piorando e esta será mesmo uma montanha-vodca. Todos os passos de estudar, trabalhar, estudar pandorinha, estudar o espelho de pandorinha em mim, o que faz parecer tão gêmeo. Até no surto.

pandora
fruto podre
monstro
grandes amores loucos de minha vida.

E o que me faz também ser narciso







.
.
.







Mas ainda to curtindo a endorfina da bicicleta. Nos meus primeiros passinhos de formiga em direção à liberdade verdadeira de minhas amarras imaginárias, fantasiosas, neuróticas por excelência.
Se é que existe verdade
liberdade
livre
li
acredito.

vo(a)

Psicose meus retalhos

Depois de duas semanas de crise, agora estou somatizando. Ainda está pouco, é só uma dor persistente no ombro direito, parece efeito de noites mal dormidas ou do papagaio que está sentado aqui, me falando mil coisas ao pé do ouvido.
Estou interpretando um Rorschach do GIPSI, e como está há duas semanas (à exceção de alguns paroxismos hipomaníacos), não consigo me concentrar, está tudo um tédio e as tarefas que demorariam algumas horas estão se estendendo por dias. Eu sei que há dias e há dias e há dias. Mas os dias mais parecem eternidades e duas semanas já viraram anos. Embora pareça que foi tudo ontem.
Na verdade, acho que minha percepção do tempo não voltou ao normal desde o surto de segunda passada. Também não estou tendo muita paciência para falar com quem quer que seja, sustentar o sorriso amarelo nos lábios. Ele pesa uma tonelada e eu prefiro correr três maratonas, girar ao redor da terra feito satélite. Me prender sem internet ou telefone num quarto isolado mesmo morrendo de preguiça de trabalhar, só pra ficar em paz. Por mais que abrir o facebook tenha sido, nas últimas semanas (em que eu o quis), o único contato menos doloroso com o meio externo.
Um exercício diário é abrir mão da lógica, do controle e da ordem, de mãos dadas com a loucura. Assistir ao deslizamento do significado pela primazia do significante. Ainda que ele seja uma coisa estranha como essa, teoria oca com seus significantes cheios de cola-hífen(parenteses), já que a linguagem compartilhada, sígnica é insuficiente para reportar ao conteúdo inconsciente inteiro. Ou (apenas) àquilo que serve para encher de pompa os que falam feito pseudo-não-loucos. Pobres neuróticos...
Pobre neurótica.
Inventei isso hoje: psicose meus retalhos
Nome novo para dor velha.
Vou pra aula. Creswell, caps 8, 9 e 10 (:

domingo, 18 de setembro de 2011

Rascunho do projeto

Há poucos estudos sobre primeiras crises no Brasil. A literatura internacional é gerada a partir de pesquisas desenvolvidas em centros de atendimento para esta população, majoritariamente comportos por atenção primariamente psiquiátrica, a partir de uma perspectiva sintomatológica e sindrômica da psicose. Estes estudos utilizam termos como pródromos (aquilo que antecede um evento), ultra high risk psychosis, clinical hisk for psychosis, at-risk mental state, dentre outros, para descrever sinais e sintomas presentes em etapas anteriores à primeira crise do tipo psicótico ou a episódios de recaídas. Quanto às crises, estas são descritas como primeiro episódio psicótico, first-episode psychosis, early psychosis, ealy onset schizophrenia, dentre outras denominações. A dificuldade em integrar as perspectivas internacionais quanto à nomenclatura é característica da complexidade envolvida ao se definir o que é psicose, numa consideração sindrômica.
A psiquiatria clássica conceitua transtornos psicótico como transtornos mentais em que há "perda de contato com a realidade"
...
Intervenção precoce
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GIPSI
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Método de Rorschach
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nova consideração sobre as primeiras crises, para alem da visão sindrômica tradicional, com vias à construção de conceito melhor fundamentado do que caracteriza as primeiras crises.

Revisão de literatura - construção do projeto

CRESWELL, J. (2010). Projetos de pesquisa. Porto Alegre: ArtMed.

Tópico de estudo
-tema ou assunto, a ideia central a respeito da qual se aprende ou explora.
-Qual questão necessita ser respondida no estudo proposto?
--Em que se parecem os protocolos de pessoas em primeiras crises do tipo psicótico?
-Como este projeto contribui para a literatura?

Revisão de literatura
-revisão integradora: resumo de temas amplos da literatura
-revisão teórica: concentra na teoria relacionada ao tema
-revisão metodológica: contrentra nos métodos e definiçõs empregadas em estudos anteriores
-literatura quantitativa ou qualitativa (ou integração de ambas)

Rorschach

Citações sobre o método de Rorschach

WEINER, I. B. (2000). Princípios da Interpretação do Rorschach. São Paulo: Casa do Psicólogo.

O Método de Rorschach (RIM) "é (a) uma avaliação da estruturaçao cogitiva que envolve processos de atenção, percepção, memória, tomada de decisões e análise lógica; e (b) uma avaliação das imagens temáticas que envolve processos de associação, atribuição e simbolização" (p. 31)
"instrumento que apresenta características tanto objetivas quanto subjetivas, mede procesos tnto perceptivos quanto associativos e avalia apsectos da personalidade tanto estruturais quanto dinâmicos. (...) [é um método pultifacetado de coleta de dados (...), pesquisas demonstram a sólida base psicoétrica sobre a qual a avaliação éestá fundamentada" (prefácio)

Estrutura: "natureza do indivíduo, conforme definida por seus pesamentos e sentimentos atuais, que constituem estados da personalidade, suas disposiçoes ais permanentes de condizir-se de deterinadas maneiras, que constituem os traços da personalidade".
Dinâmica: "natureza da pessoa, conforme definida pelas necessidades, atitudes, conflitos e preocupações subjacentes que influenciam o modo como pensam sente e age de determinadas maneiras em momentos específicos e em circunstâncias particulares. A dinâmica da personalidade refere-se também ao modo pelo quais estados e traços do indivíduo podem interagir para influenciar-se mutuamente" (Weiner, 2000, p. 28)

Características psicométricas
"-profissionais reinados apresentam um grau de concordância satisfatório quanto à pontuação de suas variaveis
-estimativas do seu grau de fidedignidade indicam que fornece informações satsfatoiamente precisas, ou seja, que os resultados ojbetidos a partir dele tenham um variância de erro mínima e que sejam suficientemnte próximos dos valores reais ou verdadeiros
-seus corolários demonstrados identifiquem objetivos para os quais sejam suficientemente válidos" (p. 34)

"Quanto à descrição da personalidade, o RIM oferece uma base slidamente validade para descrever vários aspectos da estrutura da personalidade e uma rica fonte de hipóteses para a descrição de diversos aspectos da dinamcia da personalidade.
Quanto ao diagnóstico diferencial, o RIM demonstru sua contibuição para o diagnóstico de diversas condições que envolvem padões específicos do funcionamento da personalidade e apresenta potencial para facilitar o diagnpostico de qualquer condição que seja determinada por- ou contribuia para- características distintas da personalidade.
Quanto ao planejamento e avaliação do tratamento, o RIM oferece contribuições bem validadas para identificação de metas do tratamento e posíveis objstáculos para a evolução da psicoterapia, seleção das modalidades de tratamento recomendadas e acompanhamnto das mudanças e melhoras ao longo do tempo".
(p.35)

"as pesquisas bem planejadas continuam a confirmar a utilidade do RIM o sentido de permitir uma investigação válidade de características da personailidade e facilitar não só o diagnóstico diferencial, como também o planejamnto e avaliação do tratamento". (p. 36)

a aordagem empírica possibilita "confiar em dados quantitativos relativos à validade discriminativa e distribuição normativa das variáveis do Rorschach, permite que os clínicos diferenciem condições normais e anormais com segurnaça e que descrevam as características da personalidade com convicção. Assim as bases embíicas adequadas facilitam muito a utilização efetiva do RI na investigação da personalidade e, quanto mais os clínicos do Rorschach puderem confiar em dados concretos para documentar o rigor psicométrico de suas conclusões, mais aptos estarão a traduzir tais conclusões em aplicaçoes do instrumento efetivas e significativas" (p. 40).
"A abordagem conceitual à interpretação do Rorschach ajuda a superar as limitações de uma abordagem estritamente empírica aos dados e proporciona diretrizes úteis para a prática clínica e delineamento de pesquisa" (p. 41).

Estratégia de interpretação
Agrupamento das variáveis em módulos - "pontos em comum de determinadas variáveisestruturais n que se refere às funções da persnalidade que investigam. (...) A análise formal revelou sete grupos de vari[aveis intercorrelacionadas, os quais denominu módulos ou seç~es do Rorschach. Casa um desses sete módulos de variáveis intercorrelacionadas parecia estar associado a um aspecto distinto do funcionamento da personalidade" (p. 63)




EXNER, J. E (2003). The Rorschach: A Comprehensive System. 4th edition. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, Inc.

O Rorschach providencia informações sobre os processos e funções psíquicas que geram os comportamentos observados (sintomas ) (Exner, 2003, p. 4)

*******"The Rorschach test gives greater emphasis to the psychological structure or personality of the individual trather than to the behaviors of the person. It is the sort of infotmation that goes beyond the identification of symptoms and searches out etiological issues that distinguish one person from another, even though both may present the same symptomatology".

Comprehensive System - "to integrate the featues of all [Rorschach scoring and interpretation] systems for which empirically defensile data existed or could be established" (p. 25)

NORMATIVE DATA
"Useful in providing descriptive information about groups, and offer reference pont against which individual scores and be compared. Possibly most importnt is the basis that they provide for developing some general interpretative postulates, using the deviation psinciple, which focuses on findings different than expected". (p. 189)

sábado, 10 de setembro de 2011

O que são pródromos?

O conceito de psicose é frágil. Ainda trabalha com a questão do estranhamento e distanciamento do convencionalmente concebido. Determinar o limiar para psicodiagnóstico de PSICOSE não é fácil. Uma série de considerações ainda carecem de explicitação, e não tenho uma teoria fechada que funcione, como a de Freud para a neurose. A foraclusão de Lacan não me pertence e a teoria do amadurecimento de Winnicott ainda está muito longe.
Mas de qualquer forma, a visão estruturalista de personalidade psicótica é uma coisa. Considerar pessoas em primeiras crises DO TIPO PSICÓTICA (leia-se loucura insipiente) não quer dizer identificar estruturas de personalidade semelhantes. Há diversas estruturas diferentes, inclusive estruturas neuróticas ou com transtorno de caráter, que manifestam sintomas referidos como psicóticos.
Na abordagem psiquiátrica da intervenção precoce, estes são parte da queixa, e por isto são considerados sintomas. Mas eles dão também importância a sinais de estranhamento, comuns a pessoas que podem desenvolver sintomas psicóticos. Os sinais não chegam a ser sintomas psicóticos, e podem não ser precursores ou preditores. Resta saber, para a psiquiatria contemporânea, se eles podem ser agrupados em síndrome. Tem-se utilizado o termo pródromos para estes sinais e sintomas. São considerados precursores do espectro sindrômico de mais frágil conceituação, que é a psicose. Não espere que sua conceituação seja fácil. Psiquiatras na pesquisa sempre têm de partir de bases muito mal estruturadas para elaborar seus conceitos, já que são médicos e não podem contar com etiologias derivadas dos sistemas anatômicos ou da fisiologia.

Os psicanalistas nadam em construtos abstratos, e os lacanianos então, incompreensíveis. São de boa definição conceitual e operacional para os iniciados. Mas não dão respostas definitivas. Diferentes estruturas de personalidade apresentam manifestações comportamentais (sinais) e queixas (sintomas) semelhantes. Compreendê-los na especificidade não é verificar o que têm de mais semelhantes uns com os outros (como o faz a psiquiatria ao estruturar síndromes), mas o que têm de mais diferente e específico na individualidade.

Meu caminho, no entanto, é tomar parte do método psiquiátrico, o nomotético, mas na construção de uma constelação de SINAIS DE PERSONALIDADE presentes em um método projetivo que descreve o que estas pessoas têm, afinal, de semelhante. Estes sinais seriam compreendidos a partir de uma perspectiva psicanalítica de personalidade (Winnicott? Ambiente e processos de maturação? Teoria das relações objetais?) e a constelação pode levar à elaboração de estratégias de intervenção, tratamento e cuidado específicos para esta clientela. Ou para questões aonde a atenção deverá se direcionar, num primeiro momento, em programas que atendam esta clientela.

Claro que não existem blocos fechados de intervenções psicoterapêuticas, mas algumas sugestões sobre as especificidades de um grupo que compartilha semelhanças importantes (de alguma forma foram considerados loucos ou psicóticos) podem auxiliar na busca das idiossincrasias. Afinal, somos mais semelhantes do que diferentes, de fato, e a impossibilidade de encontrar estas semelhanças entre pessoas pode ser fator que influencia sobremaneira o isolamento e o retraimento (a loucura ou psicose).



No fim das contas, discordamos mais que nos entendemos. Quanto mais acumulamos conhecimento, mais nos confundimos. Mas assim caminha a humanidade.