domingo, 3 de junho de 2012

Mil platôs

aqui, só dois.

Deleuze, G. & Guattari, F. (2000). Mil platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Volume 1. Editora 34: São Paulo.


1. Rizoma

"Estranha mistificação, esta do livro, que é tanto mais total quanto mais fragmnetada. O livro como imagem do mundo é de toda maneira uma ideia insípida".
Rizoma e multiplicidade: "Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrtura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas".
Ruptura a-significante: "Há ruptura no rizoma cada vez que linhas segmentares explodem numa linha de fuga, mas a linha de fuga faz parte do rizoma. (...) O bom e o mau são somente o produto de uma seleção ativa e temporária a ser recomeçada". "O rizoma é uma antigenealogia".
"Escrever, fazer rizoma, aumentar seu território por desterritorialização, estender a linha de fuga até o ponto em que ela cubra todo o plano de consistência em uma máquina abstrata".
"O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. Pode-se desenhá-lo numa parede, concebê-lo como obra de arte, construí-lo como uma ação política ou como uma meditação".
"O decalque organizou, estabilizou, neutralizou as multiplicidades segundo eixos de significância e de subjetivação que não os seus. ele gerou, estruturalizou o rizoma, e o decalque já não reproduz senão ele mesmo quando crê reproduzir outra coisa. Por isto ele é tão perigoso. Ele injeta redundâncias e as propaga. O que o decalque reproduz do mapa ou do rixoma são somente os impasses, os bloqueios, os germes de pivô ou os pontos de estruturação".

O inconsciente não como teatro (representação), mas como usina (produção).

Uma árvore pode conter princípios ou formação de rozomas. "Um traço intensivo começa a trabalhar por sua conta, uma percepção alucinatória, uma sinestesia, uma mutação perversa, um jogo de imagens se destacam e a hegemonia do significante é colocada em questão". Seriam os sintomas todos formações de rizoma?
"Ser rizomofro é produzir haster e filamentos que parecem raízes, ou, melhor ainda, que se conectam com elas penetrando no tronco, podendo fazê-las servir a novos e estranhos usos. Estamos cansados da árvore".

"Esplendor de uma ideia curta: escreve-se com a memória curta, logo, com ideias curtas, mesmo que se leia e releia com a longa memória dos longos conceitos".

"Para os enunciados como para os desejos, a questão não é nunca reduzir o inconsciente, interpretá-lo ou fazê-lo significar segundo uma árvore. A questão é /produzir inconsciente/ e, com ele, novos enunciados, outros desejos: o rizoma é esta produção inconsciente mesmo".

Hierarquia nos rizomas? "Existem nós de arborescência nos rizomas, empuxos rizomáticos nas raízes. Bem mais, existem formações espóticas, de imanência e de canalização, próprias aos rizomas. Há deformações anárquicas no sistema transcendente das árvores; raíses aéreas e haster subterrâneas"
-explicação tautológica?
"Problema de escrita: são absolutamnete necessárias expressões anexatas para designar algo exatamente"
...


2. Um só ou vários lobos?

Freud conta com a palavra para restabelecer uma unidade que já não estava nas coisas. Não se assiste aqui ao nascimento de uma aventura ulterior, a do Significante, a instância despótica sorrateira que se põe no lugar dos nomes próprios a-significantes e que também substitui as multiplicidades pela morna unidade de um objeto declarado perdido?"
"Freud tentou abordar os fenômenos de multidão desde o ponto de vista do inconsciente, mas ele não viu bem, não via que o inconsciente era antes de mais nada uma multidão. Ele estava míope e surdo, confundia multidões com uma pessoa. Os esquizos, ao contrário têm o olho e a orelha agudos".

(("Um corpo sem órgãos não é um corpo vazio e desprovido de órgãos, mas um corpo sobre o qual o que serve de órgãos (lobos, olhos de lobos, mandíbulas de lobos?) se distribui segundo movimentos de multidões, segundo movimentos brownoides, sob a forma de multiplicidades moleculares".))

"O lobo como apreensão instantânea de uma multiplicidade em tal região não é um representante, um substituto, é um /eu sinto/".

Canetti: "Ele estará dentro e, logo depois, na borda, na borda e, logo após, dentro. Quando a matilha se põe em círculo ao redor de seu fogo cada um poderá ter vizinhos à direita e à esquerda, mas as costas estão livres, as costas estão expostas à natureza selvagem".

"Dizemos que o agenciamento é fundamentalmente libidinal e inconsciente. É ele, o inconsciente em pessoa".

Na psicanálise, há a promessa implícita de um enunciado pessoal, individual, após descoberto o vínculo edipiano e a angústia de castração subjacente. "Mas não se trata disto em Psicanálise: no mesmo momento em que se persuade o sujeito de que ele vai proferir seus enunciados mais individuais, retira-se-lhe toda condição de enunciação".

sábado, 2 de junho de 2012

González Rey

Construções culturais são mais do nível simbólico do que do nível conceitual. Os significados não são explícitos, claros ou unívocos. É construção cultural tudo o que diz respeito ao humano, ou seja, que lhe é inerente, lhe está interno, por mais que pareça algo que transcende sua natureza, como o direito, a justiça, a política e a educação.
Os humanos são constituídos e constituem o espaço social.

Importância da teoria: transformar as tabelas estatísticas em modelo de pensamento, em uma ideia, em modelo de inteligibilidade - que não se pretenda pronto, rígido e final, mas que possibilite maior compreensão do fenômeno que se investiga.
A teoria como sistema de inteligibilidade que implica uma generalização teórica que produza novo significado. O empírico se presta a dizer da legitimidade. A subjetividade não como epifenômeno, mas como produção das condições de interação humana.
Guattari: não há o que "preencher" na subjetividade.

Ontologia - discurso pós estruturalista fora de moda leva ao
-Radicalismo discursivo: elimina qualquer dimensão para além do discurso.
É preciso considerar emoção e discurso em relação não causalista, mas recursiva.

A teoria é processo...
cultura é mais que linguagem. Não há aquilo que nos motiva e que seja alheio das produções simbólicas emocionais.
                                                                  - subjetividade
                                                                 |
Ferramenta como recurso simbólico ------+----> referente simbólico
                            além do objetivo, claro-|

A IMAGINAÇÃO DO PESQUISADOR.

Metodologia qualitativa: construtivo-interpretativa

A crise emerge de uma configuração de eventos que não necessariamente precedem a crise. Edgar Morin: O efeito borboleta.

As coisas que adoramos são justamente as que nos fazem mais dano (então não somente as emoções negativas), posto que aquilo que desprezamos, por óbvio, nos é indiferente.

Uma teoria desenvolve conceitos que não existem no fenômeno: instrumentalismo?
Popper: falsificacionismo rompe com a demonstração e a importância suprema e final dos juízes.

A construção sobre a realidade alimenta a possibilidade de inteligibilidade, mas nunca esgota a realidade.

A mudança não é simplesmente parar de fazer algo: é preciso desenvolver alternativas que também permitam construção de sentido. A mudança não advém do conhecimento, da autoridade, mas por meio da elaboração complexa e sofisticada de recursos para construção de alternativas.

Famílias/ ambientes disfuncionais = pessoas doentes?
pessoas extremamente criadoras, construtivas, se desenvolveram em ambientes disfuncionais, patologizantes, até: o que o GIPSI tem de diferente? Criatividade = loucura?

Ensaio Epistemologia Clínica

Cínica.

Como a desconstrução da teoria da psicose demanda a mudança de metodologia na pesquisa em psicodiagnóstico clínico: primeiras crises psicóticas e o Método de Rorschach.