quinta-feira, 24 de maio de 2012

A saúde é a vida no silêncio dos órgãos

Pois aquele que fala em línguas, não fala aos homens, mas a Deus.
Ninguém o entende, pois ele, em espírito, enuncia coisas misteriosas.

São Paulo em 1Cor 14:2


As pessoas falam da psicose como decorrência de processos de desagregação psíquica, fragmentação egoica, esvaimento das fronteiras do eu, fruto de traumas psíquicos muito fundamentais, precoces. Meu contato com a psicose, no entanto, não traz nenhuma dessas sensações. Ao falar com uma pessoa louca, em crise (ainda que passado o período mais agudo, amainados os terrores mais graves) eu não percebo esse distanciamento todo, essa dificuldade toda, essa desagregação, fragmentação, ruptura, desesperança. O que eu vejo, percebo e escuto é algo muito semelhante aos sentimentos que eu mesma tenho. também tenho um terror de cair pra sempre, de não ter pele, de ter meus pensamentos roubados, de não me reconhecer no espelho. É claro que estas imagens/construções são evanescentes e não me aparecem senão por meio da dúvida (será que eu vi realmente esse terror todo? ou estou só apavorada demais?) A diferença se encontra na certeza dos psicóticos, o que lhes confere a desrazão que lhes atribuímos.

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