sábado, 15 de dezembro de 2012

A integração do ego no desenvolvimento da criança

Winnicott, 1962.

Nos estágios mais precoces no desenvolvimento da criança, os fenômenos vivenciados são as manifestações do que se poderia denominar id, mas não há id sem ego.
O ego é o próprio início -- processo de integração e diferenciação eu/não eu
O bebê é um ser imaturo que está continuamente a pique de sofrer uma ansiedade inimaginável - depende da capacidade da mãe de se por no lugar do bebê, que não existe sem ela.

Elemento esquizoide oculto em uma personalidade não-psicótica nos demais aspectos: ansiedades inimagináveis (falhas precoces ainda não percebidas como ambientais):
-Desintegração (falha na função da pele-envelope)
-Cair pra sempre (gravidade)
-Não ter conexão alguma com o corpo (localização da psique no corpo)
-Carecer de orientação (tempo e espaço)

Desenvolvimento do ego:
Integração (no tempo e no espaço): cuidado, holding
Personalização (ego corporal): handling, erotização
Relações objetais: apresentação de objetos

Integração vinda de onde? Elaboração imaginária do funcionamento do corpo desse novo ser humano que começou a existir e ter experiências que serão denominadas de pessoais.

Integração com o que? Constituição de personalidade no padrão da continuidade existencial. A criança cujo padrão é o de fragmentação na continuidade do ser tem uma tarefa do desenvolvimento que fica, desde o início (talvez das primeiras horas), sobrecarregada no sentido da psicopatologia.

A integração está rrelacionada à função ambiental de segurança, se baseia na unidade (I am alone).
I- pele limite (psicossomática, diferenciação não-eu);
am - existo (interação com o não-eu);
alone - há outras pessoas que percebem minha existência, na "rotação do espelho".
A desintegração é uma defesa sofisticada contra a não-integração na ausência de auxílio ao ego por parte da mãe, resultante da falta de segurança no estágio de dependência absoluta. O caos decorrente da desintegração parece ruim, mas ao menos é legítimo, pois se origina no bebê, ao contrário das ansiedades inimagináveis, que se originam da falha do ambiente.

O bebê desenvolve a expectativa vaga que se origina em uma necessidade não-formulada. A mãe, em se adaptando, apresenta um objeto ou uma manipulação que satisfaz as necessidades do bebê, que começa a se sentir confiante em ser capaz de criar objetos e criar o mundo real. Ela proporciona ao bebê um breve período em que a onipotência é um fato da experiência.

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