segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Natureza humana

Criança indesejada? O mundo é que não foi desejado - o self é a possibilidade de se tornar capaz de existir (continuidade do ser, awareness) "a despeito" do mundo.

Dependência: holding ---concern---> triangulação (ódio, culpa e concern)

Saúde física: hereditariedade (nature) e criação (nurture). Os dispositivos inatos só se tornam reais mediante a experiência.

Doenças:
"É importante também que saibamos de que tipo é a ansiedade que produz a ameaça; por exemplo, as defesas podem ser contra o medo de perder o pênis, ou de perder alguma função importante associada a um instinto. Podem ser também defesas contra a depressão, ou seja, contra uma desesperança pertencente a sentimentos de culpa, inconscientes eles mesmos, ou relativos a algum elemento inconsciente. Também é possível que as defesas sejam contra o medo de perder o contato com a realidade externa, ou contra o medo de uma desintegração caótica"

Efeitos da psique sobre o corpo e seu funcionamento
A saúde física dá significado à saúde psíquica e vice-versa - o corpo terá de ser sacrificado em muitos pontos, já que a liberdade dos instintos é restringida no processo de socialização. O compromisso entre as exigências do instinto e as da realidade social pode, contudo, ser construído com um mínimo de prejuízo.
Conflitos na consciência: manejo constante.
Conflitos no inconsciente: formação mais cega de sintomas.

A psicanálise da criança permite conhecer um processo ainda em meio a sua formação e derivar acesso a formações rudimentares presentes no adulto. Não temos uma idade: temos todas as nossas idades juntas ao mesmo tempo: as idades passadas na história, a idade presente e as expectativas das idades futuras.

A psique "torna-se algo que é capaz de criar e de perceber a realidade externa, torna-se um ser qualitativamente enriquecido, em condições de ir além daquilo que se pode explicar pelas influencias ambientais, e capaz não apenas de se adaptar, mas também de se recusar a se adaptar, e de se transformar numa criatura com algo que parece ser capaz de fazer escolhas" (p. 47)

Pré-genital             ingestão -------------------- ruthless (implacável)
   Alimentar            excreção ------------------- anal
                                    (experiências)                 uretral
                                                                                             "coisa" excretada "boa"
                                                                                                                         "má"

Fálica                   Menino, e o menino dentro das meninas


                                         genital masculino ----------- penetrar
                                                                   ----------- engravidar (ativo)
Genital
                                                                | ser penetrada
                                        genital feminino | ser engravidada (passivo)
                                                                | reter e livrar-se



Importância da pré-genitalidade
Diferença entre fantasia da experiência fálica e da experiência genital

Experiência fálica:
Ereção (coisa importantíssima, cuja perda seria terrível),
Exibição (desejo exibicionista);

depois, um objetivo declarado (penetrar e engravidar)

O funcionamento genital feminino verdadeiro tende a permanecer oculto ou até mesmo secreto. A menina que não sabe guardar segredo não pode ficar grávida, do mesmo jeito que o menino que não sabe lutar ou enfiar um trenzinho no túnel não pode deliberadamente engravidar uma mulher.

Tudo isso se dá na saúde. "Feliz e saudável é o menino que chega precisamente a este ponto de seu desenvolvimento físico e emocional [, o do complexo edípico,] quando a família está intacta, e que pode ser acompanhado em meio a esta constrangedora situação em primeira mão pelos próprios pais, que ele conhece muito bem, pais que toleram ideias, e cujo relacionamento é firme o bastante a ponto de não temerem a tensão sobre as lealdades, criada pelos ódios e amores de criança" (p. 68, grifo meu).
Assim, a criança "tornar-se-á capaz de tolerar os sentimentos humanos mais intensos sem construir defesas excessivas contra a ansiedade. As defesas, porém, sempre existirão e levarão à criação de sintomas. Os sintomas neuróticos são organizações de defesa contra a ansiedade, na verdade contra a ansiedade de castração, ansiedade que surge dos desejos de morte inerentes ao Complexo de Édipo. O anormal aponta para o normal".


"Para as crianças há ainda mais certeza quanto à frustração da vida instintiva do que na idade adulta, e é em parte por isso que observamos na infância uma valorização maior do brincar e da imaginação criativa" (p. 72)

Relações triangulares
"A criança odeia a terceira pessoa. Por ter sido um bebê, a criança já conhece o amor e a agressão, e também a ambivalência e o medo de que aquilo que é amado seja destruído. Agora, finalmente, na relação triangular, o ódio pode aparecer livremente, pois o que é odiado é uma pessoa que pode se defender, e que na verdade já é amada"
O ódio somente pode aparecer de forma saudável contra uma pessoa total, com capacidade de se defender e de retaliação, a qual já fora/é amada (outrora) e por isso também é capaz de perdoar.

"A criança deve empregar os tipos de experiência pré-genital e genital imatura que estão a seu alcance, e deve valer-se ao máximo do fato de que a passagem do tempo, algumas horas ou por vezes alguns minutos, traz alívio para praticamente tudo, por intolerável que pareça, desde que alguém familiar e compreensivo esteja presente, mantendo a calma quando o ódio, a raiva, a ira, o desespero ou a mágoa parecem ocupar o universo inteiro" (pp. 75-76).

Valor e perigo da cena primária
Sonho de ocupar o lugar de um dos pais na cena primária, construção da fantasia e risco de que ela se torne real. Os pais podem falhar na criação dos filhos por não serem capazes de distinguir claramente entre os sonhos da criança e os fatos (e assim também todas as pessoas da sociedade, particularmente ao ouvir de fantasias de destruição). A criança saudável não consegue tolerar compleramente os conflitos e ansiedades presentes no auge da experiência instintiva. A fantasia é, portanto, matéria prima que permite a civilização, pois "sem a fantasia, as expressões de apetite, sexualidade e ódio em sua forma bruta seriam a regra" (p. 78). Eu sou humano na medida de meus símbolos.

Autoconhecimento
"Os pacientes psicóticos (e as pessoas normais de tipo psicótico) pouco se interessam por ganhar maior autoconsciência, preferindo viver os sentimentos e experiências místicas, e suspeitando do autoconhecimento intelectual ou mesmo desprezando-o. Estes pacientes não esperam que a análise os torne mais conscientes, mas aos poucos eles podem vir a ter esperanças de que lhes seja possível sentir-se reais" (p. 79).

(...) a análise da psicose do tipo esquizoide (...) exige que o analista seja capaz de suportar a regressão real à dependência.

Holding = interpretação correta e oportuna no setting continente pelo analista suficientemente bom.


Desenvolvimento emocional característico da primeira infância
Oral (dentro e fora)
Reconhecimento bidimensional da membrana do self
EU e não-EU
Senso de responsabilidade pela experiência instintiva e pelos conteúdos do eu
Sentimento de independência do que está fora - há algo equivalente ao eu no fora: o seio como parte de uma pessoa (de um outro)

eu + objetos = relacionamento

Posição depressiva
Discriminação entre estado excitado e tranquilo - o "ataque" impiedoso cede lugar ao concern (a mãe é uma pessoa que cuida do EU ao oferecer uma parte de si mesma para ser comida). O bebê começa a se preocupar com os relacionamentos.

ruthlessness --- concern (possibilidade de fazer reparações)
repetição do machucar-e-curar

Separar o que é bom e o que é mau no interior do self.

Amor (oral), culpa (sádico) e reparação (anal)

A mãe, que sustenta e põe o tempo em marcha, oferece parte de si para ser comida. Por satisfazer o instinto e gerar prazer, o seu seio é bom e o bebê pode sentir que seu leite é bom: há algo de bom nele. Por, ao mesmo tempo, também se ausentar e deixar, em parte, o instinto não satisfeito, ela também proporciona desprazer na frustração. O bebê se enche de ódio dela e deseja destruí-la. A próxima mamada deixará introjetar também parte de um seio mau, e o bebê sentirá que há algo de mau nele (raiva). Aos poucos, por sustentar ser atacada e permanecer, ainda assim, o bebê sentirá que seus ataques podem destruir a mãe, que é boa e ao mesmo tempo má. Ele deverá fundir a agressão e o amor e tolerar a ambivalência. Se a mãe sobrevive, lhe será mais fácil tolerar a ambivalência e assumir responsabilidade pelos seus possível ataques. O bebê sentirá culpa e se preocupará com a mãe. Dotado de elementos bons ele mesmo, o bebê precisará de oportunidades de oferecer à mãe algo que a cure, que repare o mau causado. Esta será uma produção sua (as fezes), que será recebida pela mãe e o bebê poderá ficar tranquilo e suportar mais um dia.

1) Experiências instintivas
a. satisfatórias (boas)
b. insatisfatórias, complicadas por raiva devida à frustração (más)

2) Objetos incorporados (experiências instintivas)
a. no amor (bons)
b. no ódio (maus)

3) Objetos ou experiências interiorizadas magicamente
a. para controlar (mau potencial, persecutório)
b. para usar como enriquecimento ou controle (bom potencial)

O potencial dependerá da experiência para vir a se tornar fato, ou pode permear também as fantasias.
A separação é a capacidade de esperar o futuro e reconhecer a constância do objeto.

O que a posição depressiva permite descobrir:
O self é uma unidade; o objeto externo é uma coisa inteira. O tempo e o espaço existem, a psique está integrada ao corpo. O bebê pode se preocupar quanto ao objeto e quanto às consequências no self da experiência excitada.

"A partir do momento em que a integração é alcançada (mas não antes), a criança controla os impulsos instintivos por causa das ameaças ao seu movimento implacável, que provoca uma culpa intolerável - ou seja, o reconhecimento do elemento destrutivo na ideia excitada primitiva e bruta" (p. 99).
"A culpa pelos impulsos amorosos primitivos representa uma conquista do desenvolvimento", ou seja, não é inata.

"Os psicóticos são portadores de distúrbios derivados de um estágio ainda mais precoce e básico. Suas dificuldades e problemas são especialmente aflitivos. Por não serem inerentes, não fazem parte da vida, e sim da luta para alcançar a vida - o tratamento bem-sucedido de um psicótico permite que o paciente comece a viver e comece a experimentar as dificuldades inerentes à vida" (p. 100)

Quando a ansiedade é grande demais, processos mágicos acontecem, enquanto substitutos dos processos externos anteriores (alimentação e alucinação). O fenômeno interno mau que não pode ser controlado, contornado ou excluído é sentido pela criança como uma ameaça que vem de dentro, frequentemente se transforma em dor. Experiências más internas têm menor limiar de tolerância (como fugir?). Elementos persecutórios podem ser projetados, percebidos ou encontrados no mundo exterior. "Quando existe a expectativa de perseguição, uma perseguição real traz alívio, um alívio devido ao fato de que o indivíduo não precisa se sentir louco ou delirante" (p. 101).
A função anal depreende da possibilidade de expulsar objetos maus internos, intoleráveis, (potencialmente) ingeridos (introjetados) e persecutórios - não farão mal ao corpo, pois podem ser (e são) naturalmente jogados fora, todos os dias. Alguns conjuntos de perseguidores, contudo, são grandes demais e precisam ser projetados magicamente. "Os indivíduos lentamente aprendem como levar o mundo a persegui-los, de modo a poderem obter alívio da perseguição interna sem estarem expostos à loucura do delírio" (p. 105).
A capacidade de se deprimir, de apresentar uma depressão reativa, de sofrer um luto por uma perda não é inata, nem constitui uma doença (...) O importante é a capacidade do bebê ou do indivíduo de aceitar a responsabilidade pela intenção destrutiva no impulso amoroso total, incluindo a raiva pela frustração" (p. 106) e direcionar-se para a reparação.

Ansiedade hipocondríaca
Dúvida=doença

Desenvolvimento emocional primitivo
O primeiro contato influencia o padrão de relacionamento com a realidade externa.
A mãe torna possível a ilusão de que o seio foi criado pelo impulso originado na necessidade. A total dependência demanda uma adaptação perfeita: mas as falhas permitem o desilusionamento.

necessidade --- desejo
ilusão ----> desilusão

E neste momento o bebê está pronto para ser criativo, já que o potencial de excitação, em algum momento, de fato, resultará na produção de leite na mãe. Assim, o bebê cria uma realidade que, de fato, está lá para ser criada. Caso a "mamada teórica" seja forçada, a realidade é outorgada sobre o bebê e ele não tem espaço para criar.
Ao chupar o dedo ou agarrar um pano, o bebê declara seu controle mágico sobre o mundo e prolonga a onipotência originalmente satisfeita pela adaptação realizada pela mãe. A loucura seria a persistência da exigência de tolerância à criatividade onipotente do bebê na área transicional.
Quando a mãe é incapaz de satisfazer as vontades do bebê de forma sensível, o contato com a realidade fracassa. Ele não necessariamente morre, mas sua existência está fadada a um destino débil. São desenvolvidos tipos diferentes de relação objetal, que podem existir desconectados um do outro.
- De um lado estará a vida do bebê, na qual os relacionamentos têm por base a sua capacidade de criar, mais do que a memória dos contatos anteriores,
- e do outro lado estará um falso self, que se desenvolve sobre uma base de submissão e se relaciona com as exigências da realidade externa de forma passiva (p, 127-128).

No Rorschach, isso pode aparecer em termos de:
FQu                                         L alto
H baixo                                    D alto
A alto                                       p>a+1

"Nos graus menos extremos dessa doença não é tanto o estado primário de cisão que iremos encontrar e sim uma organização secundária cindida que indica uma regressão diante de dificuldades encontradas num estágio posterior do desenvolvimento emocional" (pp. 128-129). A desintegração, portanto, pode ser um processo de defesa ativa, porquanto se origina do ser, e não é reativa a falhas do ambiente.

"Há um tipo de artista que inicia seu trabalho com a representação bruta dos fenômenos secretos do self ou da vivacidade pessoal, que para ele é repleta de significados, mas que num primeiro momento não têm sentido para os outros. A tarefa dele é tornar inteligíveis suas representações e, para fazê-lo, ele deve até certo ponto trair a si próprio. Quanto à sua criação, na verdade, se ela for apreciada em excesso, o artista poderá retrair-se inteiramente, pela sensação de ter sido falso para si próprio. Esse artista é apreciado por pessoas retraídas, aliviadas por encontrar algum (não demasiado) compartilhamento daquilo que é basicamente pessoa e essencialmente secreto".
--devemos reconhecer a criatividade potencial não tanto pela originalidade de sua produção, mas pela sensação individual de realidade da experiência e do objeto.

Filosofia do real
"Alguns bebês têm a sorte de contar com uma mãe cuja adaptação ativa inicial à necessidade foi suficientemente boa. Isto os capacita a terem a ilusão de realmente encontrar aquilo que eles criaram (alucinaram). Eventualmente, depois que a capacidade para o relacionamento foi estabelecida, estes bebês podem dar o próximo passo rumo ao reconhecimento da solidão essencial do ser humano. Mais cedo ou mais tarde, um desses beb~es crescerá e dirá: "eu sei que não há nenhum contato direto entre a realidade externa e eu mesmo, há apenas uma ilusão de contato, um fenômeno intermediário que funciona muito bem para mim quando não estou muito cansado. A mim não importa nem um pouco se aí existe ou não um problema filosófico" (p. 135).
De fato, àqueles que se preocupam com esse tipo de questão seguramente foi precedida uma experiência de dúvida ou frustração no estabelecimento desse pensamento: "bebês que tiveram experiências um pouco menos afortunadas veem-se realmente aflitos pela ideia de que não há um contato direto com a realidade externa. Pesa sobre eles o tempo todo uma ameaça de perda da capacidade de se relacionar. Para eles o problema filosófico se torna e permanece sendo vital, uma questão de vida ou morte, de comer ou passar fome, de alcançar o amor ou perpetuar o isolamento" (P. 135)

A possibilidade de transformação da dor em arte ou filosofia:
“What is a poet? An unhappy man who hides deep anguish in his heart, but whose lips are so formed that when the sigh and cry pass through them, it sounds like lovely music.... And people flock around the poet and say: 'Sing again soon' - that is, 'May new sufferings torment your soul but your lips be fashioned as before, for the cry would only frighten us, but the music, that is blissful.” (Soren Kiekergaard)

Integração
Momentos de convergência aglutinadora do self como um todo promovem gradualmente a integração. "O bebê se desmancha em pedaços a não ser que alguém o mantenha inteiro" (p. 137).
-incorporar e manter lembranças.
-a integração é um estado precário (Humpty-Dumpty), é o que provoca o sentimento de sanidade e a perda, para sempre, do estado de não-integração. Gera novas ansiedades (estar vivo e ser um, ansiedade da morte e da fragmentação, da perda e da separação) e a defesa da desintegração é, em parte, responsiva a estas, como uma esperança de voltar à não-integração (a não estar vivo).


Os estados iniciais

O nascimento "normal" é aquele que é provocado pelo bebê. O estar-vivo já ocorre antes do nascimento e este pode ser produzido pelos impulsos do próprio bebê em direção ao movimento e à mudança que se originam diretamente do estar-vivo. Não há capacidade de espera ou de antecipação, pois o tempo ainda não foi posto em marcha. Qualquer demora ou antecipação é infinita.
O ambiente põe os dias em marcha, dá os primeiros sinais do que é o ritmo (respiração, frequência cardíaca da mãe). O impulso e a necessidade são construções criativas e vem de dentro. É preciso um período de recuperação após cada falha do ambiente, para reequilibrar a constituição ainda frágil de dentro e fora.

Desenvolvimento segundo as relações objetais
 - solidão
 - dependência absoluta (dupla dependência)
 - impulso instintivo (ruthless)
 - preocupação e culpa (dependência relativa, objeto parcial)
 - reparação
 - relação triangular
 - rumo à independência

Indivíduo e meio: como será feito o contato?
O movimento do próprio indivíduo descobre o ambiente
O ambiente "invade", por meio de uma intrusão (impingement), que é imprevisível e demanda reação. Neste modo de relacionamento, a excitação torna-se intrusiva (é um "intruso"). O mundo o invade - e a única possibilidade de interação é submissa.
O narcisismo primário, ou o estado anterior à aceitação de que existe um meio ambiente, é o único estado a partir do qual o ambiente pode ser criado. Um meio intrusivo não pode ser criado.

No princípio, há uma solidão essencial, inorgânica: solidão absoluta na dependência absoluta.
Desconhecimento do ambiente, a continuidade do ser depende da adaptação.
"O estado anterior ao da solidão é um estado de não-estar-vivo, sendo que o desejo de estar morto é em geral um disfarce para o desejo de ainda-não-estar-vivo. A experiência do primeiro despertar dá ao indivíduo a ideia de que existe um estado de não-estar-vivo cheio de paz, que poderia ser pacificamente alcançado através de uma regressão extrema. Muito do que geralmente é dito e sentido a respeito da morte, na verdade se refere a este estado anterior ao estar-vivo, no qual o estar sozinho é um fato e a dependência ainda se encontra muito longe de ser descoberta" (p. 154)

Caos
Intrusões
Desintegração: alternativa para a ordem, defesa contra ansiedades advindas da integração
Depressão: controle mágico do caos interno (tentativa de exteriorizar o caos interno)

Na cisão:
O verdadeiro self, dotado de esponaneidade, é incomunicável;
O falso self, baseado das intrusões do meio, é o que se relaciona com o meio externo.

Na dissociação: excessiva falta de comunicação entre os diversos elementos da personalidade.

Na repressão: perda de vários sentimentos, pensamentos, devido à dor intolerável que eles causam quando são trazidos à consciência

"Se o desenvolvimento transcorre favoravelmente, o indivíduo torna-se capaz de enganar, mentir, negociar, aceitar o conflito como um fato, e abandonar ideias extremas da perfeição e do seu oposto, que tornam a existência intolerável".
O ser humano é cruel, mas não está de todo estragado.

A função intelectual
Explica, admite e antecipa (memória) a desadaptação (criatividade).
Controle e racionalização: espécie de babá da criança.

Retraimento e dependência
Regressões no processo psicoterapêutico: o narcisismo permite ao sujeito o não reconhecimento da dependência, a onipotência e a verdade, já que não há intrusão. No narcisismo primário, o bebê não é forçado a reconhecer o ambiente e reagir a ele.

---No início, o ambiente se adapta às necessidades do bebê, permite que ele (crie a ilusão) ilusione a criação do mundo a partir de suas necessidades (excitações de origem interna que se transformarão em desejo). Na medida em que o bebê retém as ifnromações sobre a adaptação do meio, ele reconhece sua dependência e desenvolve a capacidade de:
-estar só na presença do outro;
-cuidar de si;
-se preocupar com o outro.
O ambiente começa a se desadaptar e desilusiona o bebê, que tolera a imperfeição do ambiente e a sua própria, na tolerância da ambivalência.

A espera infinita do nascimento "fornece uma base muito poderosa para coisas tais como a questão da forma na música, onde, sem a rigidez da moldura, a ideia do fim é mantida diante do ouvinte desde o início. A música sem forma aborrece. E a inexistência de formas é infinitamente enfadonha para aqueles que se sentem particularmente aflitos por este tipo de ansiedade, por conta de adiamentos impossíveis de compreender ocorridos em sua primeira infância" (p. 167)

No Rorschach, a atribuição repetitiva e enfática das formas (Lambda alto) pode aparecer como organização defensiva contra o infinito.

O ambiente
Pode ser mais fácil enfrentar a guerra e a morte do que algo como o imbroglio.
Mãe: ilusão de contato com o mundo externo (construção da área transicional).
Preocupação materna primária: capacidade de se identificar com o bebê (a partir do bebê que a mãe foi).

Handling (ancora a psique no corpo, cuidado técnico do corpo)
Holding (sustenta e permite o envolvimento, cuidado emocional, expressão de amor)





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