sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Objetos transicionais e fenômenos transicionais

Winnicott, D. W. (1951). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In: Winnicott, D. W. (1988). Textos selecionados: da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: F. Alves, pp. 389-408.

"É costume fazer referência ao 'teste de realidade' e efetuar uma distinção clara entre apercepção e percepção. Reivindico aqui um estado intermediário entre a inabilidade de um bebê e sua crescente habilidade em reconhecer e aceitar a realidade. Estou, portanto, estudando a substância da ilusão, aquilo que é permitido ao bebê e que, na vida adulta, é inerente à arte e à religião. Podemos compartilhar do respeito pela experiência ilusória e, se quisermos, reunir e formar um grupo com base na similaridade de nossas experiências ilusórias. Essa é uma raiz natural do agrupamento entre seres humanos. No entanto, ela se torna a marca distintiva da loucura quando um adulto exige demais da credulidade dos outros, forçando-os a compartilharem de uma ilusão que não é própria deles" (p. 391).

"A área intermediária a que me refiro é a área concedida ao bebê, entre a criatividade primária e a percepção objetiva baseada no teste de realidade" (p. 402).

Presume-se aqui que a tarefa de aceitação da realidade nunca é completada, que nenhum ser humano está livre da tensão de relacionar a realidade interna e externa e que o alívio desta tensão é proporcionado por uma área intermediária de experiência" (p. 404).

FQu como um tipo de percepção "intermediária": acurada, mas também saturada de subjetividade.

Se um adulto nos reivindicar a aceitação da objetividade de seus fenômenos subjetivos, discerniremos ou diagnosticaremos nele loucura. Se, contudo, o adulto consegue extrair prazer da área intermediária pessoal sem fazer reivindicações, podemos então reconhecer nossas próprias e correspondentes áreas intermediárias, agradando-nos descobrir certo grau de sobreposição, isto é, de experiência comum entre membros de um grupo na arte, na religião ou na filosofia" (p. 405).


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