sábado, 15 de dezembro de 2012

Teoria do relacionamento paterno-infantil

Na psicanálise, reconhecemos que não existe trauma que fique fora da onipotência do indivíduo, tudo fica sob o controle do ego e as interpretações que podem mudar coisas são aquelas que podem ser feitas em termos de projeção.
Na infância, contudo, acontecem coisas boas e más que estão bem fora do âmbito da criança. O paradoxo é que o bom e mau no ambiente da criança não são projeções, mas é preciso, para a criança, que tudo pareça sê-lo. Daí a onipotência e o princípio do prazer em operação; o reconhecimento de um não-eu verdadeiro é uma questão de intelecto, se sobrevirá em termos de sofisticação e amadurecimento.
No princípio, era a pulsão - enfiaram em minha boca em pranto um seio e todos os meus desejos começaram.
---Freud: Objetar-se-á com razão que uma organização que era escrava do princípio do prazer e negligenciava a realidade do mundo externo não se poderia manter viva pelo mais curto espaço no tempo, de modo que não poderia chega a resistir de modo algum. O emprego de uma ficção como essa é contudo justificado quando se considera que o lactente - uma vez que se inclua nele o cuidado que recebe da mãe - quase que concretiza um sistema psíquico deste tipo. Ele provavelmente alucina a satisfação de suas necessidades internas; revela seu desprazer quando há uma aumento do estímulo e uma ausência de satisfação pela descarga motora de berrar e espernear com seus braços e pernas e então experimenta a satisfação que tinha alucinado. Mais tarde, como criança mais velha, aprende a empregar estas manifestações de descarga intencionalmente como método de expressão dos sentimentos. Desde que o cuidado posterior das crianças está modelado no cuidado dos lactentes, a dominância do princípio de prazer pode realmente vir a ter fim somente quando a criança atingiu a separação psíquica completa de seus pais".

O ego se constitui mediante a empatia da mãe-ego-auxiliar. O ego materno é a principal razão para o desenvolvimento da capacidade de controle e integração do id no ego (tornando-o forte e estável).
As forças do id clamam por atenção. De início elas são externas ao lactente. Normalmente o id se torna aliado a serviço do ego, e o ego controla o id, de modo que as fatisfações do id fortalecem o ego. Na psicose infantil (ou esquizofrenia) o id permanece total ou parcialmente "externo" ao ego, as satisfações do id permanecem físicas e têm o efeito de ameaçar a estrutura do ego.

prazer--------------------tríade realidade

unidade -----> diade ego -----> defesas do ego

dependência absoluta (dupla) ----> dependência relativa ---> rumo à independência

autoerotismo (ego=id) ---> narcisismo (ego=objeto) ---> relações objetais

O lactente
Os lactentes vêm a ser - desde que sempre seja aceito que o potencial herdado de um lactente não pode se tornar um lactente a menos que ligado ao cuidado materno (o potencial se materializa na experiência, possibilitada pelo ambiente).

-O potencial herdado e seu destino
cuidado paterno (holding, mãe-bebê, pai+mãe+criança): viver com (relações objetais)

Isolamento do indivíduo
O núcleo central do ego é afetado e esta é a natureza real da ansiedade psicótica. Normalmente o indivíduo logo se torna vulnerável a este respeito, e se fatores externos o irritam há meramente um novo grau e qualidade no ocultamento do self central. A esse respeito a melhor defesa é a organização de um falso self. A satisfação instintiva e as relações objetais constituem uma ameaça ao vir-a-ser pessoal do indivíduo.
As relações objetais normais podem se desenvolver na base de uma conciliação, uma que envolve o indivíduo no que mais tarfe poderia se denominar engodo e desonestidade, enquanto que uma legação direta só é possível na base de uma regressão ao estado de fusão com a mãe.

Aniquilamento
O potencial herdado, possibilitado pela experiência e pelo meio, permitem a continuidade do ser. A alternativa a ser é reagir, e reagir interrompe o ser e o aniquila.
Sob ocndições favoráveis o lactente estabelece uma continuidade da existência e assim começa a desenvolver a sofisticação que torna possível estas irritações serem absorvidas na área da onipotência.
A morte exige consideração pela pessoa humana completa (Hpuro), que pode ser mutilada. Ao contrário, a aniquilação é reação e interrupção no SER (que não É AINDA humano ou indivíduo, mas completamente depentende).

O papel do cuidado materno
Holding: proteção contra agressão fisiológica, promove a sensibilidade do bebê, põe o tempo em marcha (rotina completa) e introduz ao amor.
Tudo isso leva a, inclui e coexiste com o estabelecimento das primeiras relações objetais do lactente e suas primeiras experiências de gratificação instintiva. O holding não exige que a mãe exista, e o bebê pode seguir com a ilusão da onipotência, cria a mãe que está lá para ser criada.
-A esquizofrenia ou psicose infantil ou uma predisposição à psicose em uma data posterior se relacionam com uma falha da provisão ambiental. Por mais que possam ser descritas em termos do indivíduo (distorção do ego, defesas contra ansiedades primitivas).

Ao redor do fim da fusão, quando a criança se tornou separada do ambiente, ela tem que transmitir sinais. Quando a mãe não aguarda estes sinais, e satisfaz as necessidades do bebê antes mesmo que ele possa senti-las, o gesto criativo, o choro e o protesto ficam faltando, o que o deixa com duas alternativas: ou fica fundido com a mãe, em estado permanente de regressão, ou repudia completamente a mãe, ainda que uma mãe aparentemente boa. Porque, no fim das contas, o que importa é não se trair.
Isso é dificilmente compreendido pelas mães, por causa do fato das crianças vacilarem entre um ponto e outro: em um minuto estão fundidos e querem empatia, no outro estão separados e, se a mãe souber suas necessidades por antecipação, a criança pode sentir-se invadida, a mãe é uma bruxa perigosa.
O resultado de cada falha no cuidado materno é que a continuidade do ser é interrompida por reações às consequências desta falha, do que resulta o enfraquecimento do ego.

As mudanças na mãe
Em geral, as mães se identificam com o bebê dentro delas, e, por identificação projetiva, podem atingir uma percepção muito sensível do que o bebê necessita.



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